É bem longe, mas um dia chega!!!
Como faz um tempo que não viajo, gostaria de relembrar o trecho que fiz de Fairbanks a Prudhoe Bay/Dead Horse, no estado Norte Americano do Alaska. É um destino que eu recomendo a todos que gostam de viajar de moto.
Em 09 de Julho de 2011, em pleno Verão, após aproximadamente 23.000 kms de viagem entre Ilhabela-SP e Fairbanks, depois de descansar alguns dias, partimos de Fairbanks, uma das maiores cidades do estado do Alaska, rumo Norte, para rodar aproximadamente 800 kms em direção ao fim do continente Americano, que termina no oceano Ártico. Seriam os poucos quilômetros que faltavam para terminar um sonho que começara anos antes e para isso não poderíamos ter surpresas. Na foto, as distâncias abaixo, em milhas, já depois de rodarmos um pouco.
Estávamos em 3 motos, sendo a minha KTM 990 Adventure e 2 BMW GS 650 G dos meus amigos Renato Lopes e Edson Steglish, ambos de Santa Maria-RS que encontrei em Fairbanks (não viajamos juntos). As motos deles, tiveram as duas, ao mesmo tempo, baterias trocadas na garantia e para isso demoramos um pouco para partirmos e rodar esse “pedacinho” tão importante para nós, mas o que importava é que estávamos na estrada. Esse trecho é sempre feito por muitos caminhões que levam maquinas e equipamentos para o grande, importante e estratégico campo de petróleo dos EUA. A Dalton Highway (nome desta estrada) acompanha sempre lado a lado, o oleoduto que traz o petróleo extraído do Ártico para o porto de Valdez e de lá ele é embarcado em grandes Navios Petroleiros para o envio as refinarias em todo o país.
Não é uma estrada turística e víamos a nítida preocupação das pessoas em Faibanks quando falávamos o nosso destino, já que estaríamos cruzando o círculo polar ártico com problemas de clima, infra-estrutura, combustível, etc. Dead Horse/Prudhoe Bay nada mais é do que um grande canteiro de obras, não tendo a menor cara ou jeito de cidade e os que vão pra lá, como nós, em motos, é apenas para cumprir um objetivo, uma meta, e não para passear.
Pegamos um clima frio, sempre parando para abastecer (mantendo os tanques das motos e reservas cheios) e também sempre tirando fotos pois a natureza e paisagem são exuberantes mas com o incômodo dos caminhões que passam rápido e levantam poeira e também dos grandes e sanguinários mosquitos do verão Alasquiano (prefiro a grafia original com K). Cruzamos assim também o famoso Rio Yukon, importante e muito mencionado em documentários e filmes que flama da “Corrida do Ouro” no Alaska.
Ao chegar ao Círculo Polar Ártico, obviamente paramos para as fotos e ali vimos que cruzamos, em uma só viagem, as 4 linhas imaginárias possíveis, por terra, do continente Americano pois a quinta, Círculo Polar Antártico, se encontra sobre o mar.
Continuamos a viagem até Cold Foot, parada de camioneiros onde há um hotel muito simples, posto de combustível e restaurante, tudo com preços muito altos mas uma parada segura e ali, não mais escurecia, e, tendo a luz do dia 24 horas, após uma boa refeição e abastecimento das motos e galões reservas (o ultimo antes do destino), fomos dormir, os 3, quase que empilhados em um pequeno quartinho.
No dia seguinte, 10 de Julho, tomamos um bom café da manhã e partimos para aproximadamente mais 400 kms, também parando bastante para fotos, sem pressa, passeando e ao nos aproximarmos de Dead Horse a emoção ia tomando conta pois iríamos, com aquela chegada, “fechar” as 3 Américas de moto, uma vez que os 3 já haviam ido a Ushuaia-ARG (extremo Sul) em outras oportunidades, virando assim integrantes dos famosos “Fazedores de Chuva”, termo utilizado pra quem conseguiu essa proeza e digo...é sim uma proeza, algo muito difícil, que requer muito investimento, planejamento e sofrimento...alguns amigos, em tom de brincadeira ou maldade mesmo, adoram minimizar o feito mas eu garanto que é para poucos e bons...se você quiser, você consegue, mas tem que querer muuuuito!!!
A alegria tomou conta de nós mas o frio era intenso com uma garoa gelada e uma névoa insistente e por isso fomos rapidamente procurar um hotel (só existem 2)...o Caribou Inn estava lotado então escolhemos o Prudhoe Bay Hotel e apesar de caro, tem as 3 refeições inclusas de alta qualidade, com Buffet completo para nos esbaldarmos...e com aquele frio, pode ter certeza que comemos com vontade...ehehehe
O Hotel contava com internet rápida, quartos devidamente calafetados, confortáveis apesar de bem compactos e meio antigos mas depois de rodarmos meio mundo para chegar lá percebemos que estávamos sem coragem de sair do hotel. Mesmo assim, tínhamos que explorar a região enquanto era dia, ou não...não tinha noite...ehehehe...mas queríamos comprar adesivos e lembranças então tínhamos ainda que pegar o comércio aberto...ou melhor, a única loja existente que é esta aí da famosa placa que todos tiram fotos. Fomos também abastecer, nessa espécie de caixa eletrônico (não tem ninguém trabalhando) onde só se consegue usar o cartão de crédito e aproveitamos pra marcar o território, colando um adesivo, onde obviamente, não podia.
Nosso amigo Renato, ainda nesse dia, fechou o passeio para ir a beira do Ártico no dia seguinte mas eu e Edson preferimos ficar no conforto do Hotel, livre dos lindos Ursinhos (foto abaixo), onde aproveitei para dormir um pouco mais e atualizar o blog que tenho e que na época estava sendo seguido por muita gente. Segue o link deste dia que estou contando para quem quiser ver a viagem dia a dia desde a partida até a chegada (é só usar o menu de datas na esquerda):
http://ilhabelaalaskailhabela.blogspot.com.br/2011/07/dia-39-e-dia-40-fairbanks-eua-deadhorse.html (abrirá em nova janela)
Renato volta do passeio em ônibus dizendo que botou o pé no Ártico e garantiu que era gelado... eu hein... tava muito bom ali no hotel... mas chega a hora de voltar e ali, naquele momento, uma aperto no coração dizendo que seria muito difícil novamente pisar naquelas terras, e, apesar do sentimento de “missão cumprida”, posso dizer : Alaska, eu sinto a sua falta!!!
A volta se deu sem novidades, dormimos em um chalé alugado em Wisemann, fazendo um jantar no estilo Miojo, e no dia seguinte tomamos um breakfast que estava incluso na diária. Conversando animadamente com os proprietários sobre a aurora boreal e como era morar em um lugar tão inóspito, com dias longos no Verão e noites intermináveis no Inverno, mas obviamente, eles adoravam. Saímos, continuamos o passeio mas apressando um poucos pois sabíamos que ainda teríamos que lavar as motos e dar uma geral já que partiríamos no dia seguinte, eu de volta pra casa e eles ainda iriam passear e rodar até Anchorage.
Este foi um trecho inesquecível, na época, que eu chamei de “cereja do bolo”, sendo o “bolo”, a viagem inteira!!!...quem puder vá, nem que seja parcialmente...não há nas Américas, lugares tão lindos como o Canadá e o Alaska, na minha mais singela opinião.
Nenhum comentário:
Postar um comentário